Te aguardo, manso...
Lascivamente...solos de sax...jazz dançando
Meus olhos me traem a cada novo acorde,
como se pudesse sentir seus pés a conduzirem os meus.
Minhas mãos se perdem no papel, resvalando em seu corpo.
Ruborizo como o vinho que trepida sob a luz de inocentes castiçais.
Invejo os casais ao lado que com volúpia apreciam o jantar.
Sorvo o vinho, como se seus lábios fossem e se quer estão aqui!
O peito insiste em pulsar afoito...
Preâmbulo do que estaria por vir.
Tolamente dispenso a sobremesa, na ânsia de sentir o cheiro seu.
Sozinho, deploro sua ausência.
Termina por fim esse meio jantar
O trajeto de volta é rápido vagar, pois em mim sinto seus braços que me acolheriam.
Patético, pago o taxista.
Desço, suspiro, me arrasto em vã esperança, sentindo o
aroma dos lençóis que nos envolveriam.
Maliciosamente me dispo, molho os lábios...
No sofá, deliro mais um acorde doloroso, sussurrado,
como se dividíssemos o mesmo desejo... suplicando amor.
A noite envelhece, a cama me parece abissal...
Não me abalo, te aguardo manso, ainda que sonhando...
Roberto Santos
Um comentário:
A vida nos surpreende nos momentos que simplesmente deixamos de ser indiferentes ao que percebemos e sentimos...
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